Monday, May 23, 2005

GLO-RIO-OSO ESSELBE


Onze anos depois o Benfica volta a ser campeão. Mesmo que tenha ganho por defeito, sendo o menos mau num campeonato com uma nível de qualidade baixíssimo, onde o desempenho do Porto provou que o mérito ia todo para Mourinho (para além de Pinto da Costa em vez de se ter retirado em glória, ter conseguido a extraordinária proeza de num ano desbaratar todo o capital pessoal adquirido ao longo de uma carreira e desmantelar uma equipa campeã europeia e efectuando contractações ruinosas com as mais-valias em vez de sanear as contas do clube) e o Sporting com um treinador completamente perdido, mesmo tendo o melhor plantel e jogando o melhor futebol conseguiu numa semana perder o campeonato, a taça UEFA no próprio estádio depois de dominar a primeira parte do jogo e ainda perder com o Nacional (que por duas vezes marcou 4 golos ao Sporting, a hipótese de acesso directo à Liga do Campeões!!!

Não é mera piada que o facto de o Benfica ser campeão ajude à retoma. Nunca cheguei a perceber bem a razão desta identificação tão profunda com o clube. Talvez as exibições de Eusébio e vitórias do clube como escape às restricções ditadura, ou antes pelo contrário, talvez tenhe sido a própria política Salazarista de incentivo aos símbolos nacionais que instigou este sentimento.

O que é um facto é que a pessoa que mais desejaria esta vitória era o nosso primeiro-ministro. Pode Constâncio vir agora anunciar um défice de 10%, Campos e Cunha dizer que vai subir os impostos que nada afectará o clima de euforia que a vitória do Benfica irá trazer!

Arriscaria mesmo que com esta vitória se fecha um ciclo de crise de identidade nacional que se iniciou com o fim da Expo98 e alheamento dos portugueses com o Guterrismo, que com a sua saída tornou latente um sentimento de perca de controlo (os portugueses queriam puni-lo nas autárquicas mas não afastá-lo, como ficou demonstrado com o resultado de Ferro Rodrigues), que se foi tornando em masoquismo com Barroso e Portas, descambou com a perca da final do Euro2004 e atingiu a loucura com Santana Lopes como primeiro-ministro de Portugal. Tudo isto marterizado com o facto de ter de aceitar as vitórias extraordinárias de um Porto cuja simbologia é exactamente a oposta daquilo que representou

Ou seja, no fundo esta vitória do Benfica pode representar o voltar da identificação da realidade com a simbologia incutida na identidade nacional, seja lá o que isso fôr.
Posted by Hello

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