Monday, May 30, 2005

NON...

França, país fundador da UE rejeitou ontem a proposta de tratado constitucional. Não consigo perceber as acusações daqueles que defendem o voto francês como um voto contra a falta de democracia do processo europeu e ameaça neo-liberal anglo-saxónica.

Para mim, o NON francês é só mais uma demonstração das razões que levaram à estagnação económica e social da França (compare-se com a Grâ-Bretanha, por exemplo...) e da incapacidade de acompanhar o ritmo da globalização e de aceitar que perdeu o seu papel de centro cultural do mundo. Por isso usam o referendo europeu para castigar Chirac e Raffarin, dizer não à abertura do seu mercado de serviços, e à entrada da Turquia.

Mas acima de tudo na minha opinião, dizem não para demonstrar a autonomia da França relativamente a um processo que sentem que não lideram e não concebem participar de outra maneira. O que é um erro grave na minha opinião. Primeiro porque acho que a França tem de facto de ter um papel fundamental na definição do valores sociais, económicos e se calhar mais importante, culturais do mainstream liberal que o eixo Londres-Nova Iorque-Tokyo têm vindo a impor ao mundo (basta pensar na percentagem de conteudos que o mundo consome que provem destes países). Mas para tal não pode simplesmente fechar-se na sua superioridade e recusar aceitar as mudanças à sua volta. Mais ainda, e parece-me que a recusa à liberalização dos serviços (directiva Bolkstein, cuja vantagens são óbvias) é um bom sintoma, optar por se proteger por não se sentir preparada a competir...

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