Saturday, June 18, 2005

Direitos adquiridos

Um post de Daniel Oliveira no barnabé é extraordinário e mostra a simplicidade e contradição do nível da argumentação desta esquerda que pelos interesses que defende e protege (aqueles que continuam a viver do Estado) continua a passar.

Vamos por partes. O Daniel chama às reformas do PS aos direitos adquiridos dos funcionários públicos “demagogia fácil contra os privilégios dos que são apenas remediados” e mais ainda diz que é intencional por ser um argumento sensível no País mais injusto socialmente da Europa.

Primeiro os funcionários públicos não são remediados, são privilegiados e se há um ponto onde Portugal é profundamente injusto é no nível muito superior de salários e protecção social que um funcionário público tem em média comparativamente a uma pessoa com a mesma formação no sector privado.

Depois, assumindo que a qualidade dos serviços públicos em Portugal é má, usa o extraordinário argumento de que “a desgraça dos nossos serviços públicos não é de quem neles trabalha” (?!). Se não são as pessoas que prestam os serviços os responsáveis pela sua qualidade, então de quem será?

E acaba a dizer que não se pode culpar o desemprego e baixos salários por aqueles que têm condições de trabalho, o que por si é verdade mas profundamente contraditório com a situação Portuguesa. Se olharmos comparativamente para a despesa pública do estado em relação ao PIB vemos que até está abaixo da média europeia. No entanto, se analisarmos a sua estrutura vemos que é completamente desequilibrada e socialmente injusta, principalmente no alto valor das despesas com pessoal e com a saúde, que são a principal causa para o nosso défice e baixo valor com as prestações sociais.

Ou seja, todo o nosso modelo social (que se formaliza nos impostos que pagamos) está montado para suportar os direitos adquiridos dos funcionários públicos, já que como assume que a qualidade dos serviços públicos é má, a principal razão para os continuarmos a pagar é condições que lhes providenciam, independentemente da qualidade do seu trabalho, que como argumenta não lhe pode ser imputável.

Continuarmos a divergir da média europeia, ter um economia completamente estagnada, estarmos a ser ultrapassados pelos novos membros da UE com condições de atracção de investimento e competitividade muito superiores não é para si relevante, porque os funcionários públicos têm condições de trabalho? Ou se não acha que existe uma relação entre a disfuncionalidade da despesa do Estado e o nosso fraco crescimento, quais são as suas razões para tal?

1 Comments:

At 4:19 PM, Anonymous Anonymous said...

Sou funcionária pública e fartei-me de rir com o seu post, ao qual cheguei através do Barnabé. Nós temos salários altos? Desde quando?! Refere-se mesmo a Portugal?! Já não me ria tanto desde o último episódio do "Gato Fedorento"! Se o sonho da sua vida era entrar para a Administração Pública e não conseguiu, é com satisfação que o informo que ganhamos muito pouco em relação ao sector privado. Espero que fique mais contentinho...
Ana Mateus

 

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