Sunday, June 26, 2005

Sobre a proposta de lei de arrendamento

Primeiro com a criação de um novo escalão máximo no I.R.S. (medida meramente simbólica) e agora com a anunciada revisão da Lei do Arrendamento, o Governo volta a evidenciar mais uma vez o terrível complexo de direita que continua a dominar a acção governativa dos sucessivos Executivos e que tem impedido que verdadeiras reformas sejam implementadas que permitam a adaptação do nosso modelo social obsoleto às novas especificidades económicas e sociais.

Resumindo o Editorial de José Manuel Fernandes no Público:

- Em Portugal os despejos demoram em média o dobro do tempo de Espanha, 3x a Finlândia e a Irlanda e 8x a Holanda;
- É introduzido o “coeficiente de conservação” determinado por técnicos que servirá depois para determinar o valor da renda e se ficar abaixo de um fasquia, os senhorios podem ser intimados a fazer obras.
- Criação de comissões de arbitragem em todo o País que acompanhem a avaliação, coordenam a verificação dos coeficientes e decidam a responsabilidade pela realização de obras, valor das mesmas e respectivos efeitos no pagamento das rendas.
- Criação de um mecanismo de cálculo de todas as rendas anteriores a 1990 integrando um factor de rentabilidade que o Estado determina que será aquele que o senhorio pode tirar do investimento.

Como diz o autor: “É quase soviético, se não fosse patético.”

A questão é que as intenções são de facto as melhores. Se fosse possível implementar
um mercado de arrendamento que funcionasse de acordo com esta proposta de lei,
Portugal teria porventura o melhor acesso à habitação do mundo.

Mas é óbvio que não é e sinceramente não acredito que quem fez esta lei seja tão
ignorante ou incompetente tecnicamente que não o saiba.

A verdadeira questão é a proposta demonstra que não está interessado em que as coisas
mudem, mas apenas em conseguir fazer parecer que sim, na medida em que isso sirva
os seus interesses...

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