Sunday, July 24, 2005

A estratégia da manipulação

É espantoso a facilidade com que a comunicação social e com eles a opinião pública é tão facilmente manipulada. Não sei se por resquícios de um Estado Novo (que origina também com que Cavaco Silva obtenha os presentes níveis de popularidade, por ser entendido como o ser iluminado que sabe o caminho e nos guiará) ou pura ingenuidade, continuo a dizer que a fraca participação e iniciativa da sociedade civil na esfera pública é o principal problema da nossa pseudo-democracia e entrave ao desenvolvimento.

Esta introdução vem a propósito da última monumental manipulação de que a opinião pública foi alvo a propósito das eleições presidenciais, e com ela os media (ou então são cúmplices do poder, o que é ainda pior...)

Ninguém reparou que na Quarta-Feira, Freitas do Amaral deu uma entrevista com o único e exclusivo objectivo de dizer que gostava de ser candidato? E como essa entrevista lançou o debate sobre o tema e o País passou a semana a discuti-la?

E que no Sábado, o Expresso trouxe na primeira página uma manchete com enorme destaque a dizer que a candidatura de Soares estava eminente?

E que no mesmo dia, o Público publica uma manchete de primeira página a dizer que Manuel Alegre é o candidato presidencial?

E todos citando fontes seguras do PS? E repararam como desde então não se fala de outra coisa?

É óbvio que foi uma campanha montado pelo próprio PS com a conivência dos próprios para lançar a confusão e focar a opinião pública no tema.

Agora a questão é: que interesse teria o PS em lançar de forma tão orquestrada?

A reposta para mim é clara e corresponde a uma estratégia genial de manipulação dos media e opinião pública para minimizar os efeitos negativos do pedido de demissão do Ministro das Finanças!!!

Vamos por partes: quando este Governo foi apresentado, Campos e Cunha foi dado (pela sua competência técnica e currículo académico) como o garante da sua credibilidade. E tendo em conta o estado das finanças públicas, o papel do Ministro das Finanças é fulcral. E não se pode censurar o seu trabalho até se ter demitido, tendo tido a coragem de afrontar interesses longamente instalados na sociedade portuguesa, embora sem o jeito político necessário.

É óbvio que o Ministro sai por não concorda com o plano de investimentos públicos apresentado pelo Governo, e se dúvidas houvesse, ele fez questão de as esclarecer com o seu artigo de Domingo no Público!

E se sai, e isto é que é grave, é sinal que o PS não está interessado em resolver os problemas do país, mas tão somente em compensar aqueles que os puseram lá (leia-se lóbbis da construção, financiamento a partidos...) e para tal não se inibe em sacrificar o Ministro que era o principal garante da sua credibilidade.

E o mais assustador é que o próprio partido tinha noção da gravidade do que estava a fazer ao ponto de orquestrar toda esta campanha de manipulação dos media apenas para desviar a atenção do facto de terem optado por mais uma vez

“tratar de si e dos seus interesses, defender os seus lobbis e a sua corporação (...) E os idiotas que paguem impostos.” Miguel Sousa Tavares

2 Comments:

At 3:18 AM, Blogger Mário Almeida said...

Concordo plenamente. Eu próprio já tive oportunidade de postar sobre este aspecto.
O Sócrates é um excelente político e gere a agente mediática como ninguém em Portugal. Fala-se o que ele quer e quando quer.

 
At 4:23 PM, Blogger Primavera said...

Até que enfim...
Vamos ver no que vai dar.
Estou curiosa para ver qual vai ser o próximo passo do nosso' governo'.

 

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